Do Milagre Econômico à Crítica Contemporânea

Antônio Delfim Netto é um dos economistas mais emblemáticos da história política e econômica do Brasil. Com uma carreira marcada por contribuições significativas e também por polêmicas, Delfim foi figura central no período do “milagre econômico (1968-1973)” durante a Ditadura Militar, mas esteve no centro de debates sobre concentração de renda, hiperinflação e dívida externa, o milagre econômico virou um pesadelo devido as altas dos juros nos anos 80. Entenda como sua trajetória moldou a economia brasileira e seu impacto no cenário político.

Breve Biografia Antônio Delfim Netto

Delfim Netto (1928-2024), Delfim Netto formou-se em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), onde também foi professor. Ele iniciou sua carreira pública na década de 1950 e tornou-se conhecido por seu pragmatismo e capacidade técnica, o que lhe rendeu cargos importantes no governo militar, como ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento

Papel no Milagre Econômico

Nos anos 1970, Delfim Netto foi um dos principais arquitetos do “milagre econômico brasileiro”, período de crescimento acelerado da economia. Durante seu mandato no Ministério da Fazenda (1967–1974), o Brasil viu um aumento do PIB impulsionado por grandes obras de infraestrutura e investimentos externos. No entanto, esse crescimento teve um custo alto: aumento da concentração de renda e uma dívida externa que geraria problemas nas décadas seguintes (inflação e divida externa devido a altas dos juros).

Envolvimento com o AI-5

Durante a Ditadura Militar no Brasil, Delfim Netto desempenhou um papel central no contexto político e econômico, especialmente relacionado ao Ato Institucional Número 5 (AI-5). Nomeado Ministro da Fazenda em 1967 pelo general Costa e Silva, Delfim foi um dos signatários do AI-5, decretado em 13 de dezembro de 1968, o qual marcou o período mais repressivo do regime. O AI-5 suspendeu direitos civis, fechou o Congresso Nacional e abriu caminho para censura, perseguições políticas e práticas de tortura. Delfim justificava o AI-5 como uma medida necessária para garantir a estabilidade econômica e permitir as reformas estruturais que viabilizaram o chamado “Milagre Econômico”(Delfim defendeu anos depois que a ditadura ter acabado que o AI5 foi necessário). Na época, declarou que a medida era essencial para “remover os entraves políticos” que impediam o crescimento acelerado do país. Sob sua liderança econômica, o PIB brasileiro cresceu a taxas superiores a 10% ao ano, mas isso foi acompanhado por uma brutal concentração de renda e aumento das desigualdades sociais

Pós-Ditadura e Papel na Constituição de 1988

Após o fim do regime militar, Delfim Netto ingressou no Congresso Nacional como deputado federal pela Assembleia Nacional Constituinte, representando o Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Arena. Como constituinte, participou da formulação da Constituição de 1988 e se destacou ao equilibrar direitos sociais com a sustentabilidade fiscal. Ele defendia que “o excesso de paternidade” no texto constitucional poderia ser um problema, referindo-se ao grande número de dispositivos de proteção social que, em sua visão, poderiam ser difíceis de financiar a longo prazo.

Excesso de parternidade da Constituição de 1988

Aspecto	Antes da Constituição de 88	Depois da Constituição de 88
Direito de Greve	Não permitido nos serviços públicos e atividades essenciais, definidas em lei.	Assegurado, com decisão dos trabalhadores sobre sua oportunidade. Lei define serviços essenciais e punições.
Jornada de Trabalho	Máximo de 8 horas diárias e 48 horas semanais, com intervalos para descanso.	Máximo de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Turnos ininterruptos reduzidos para 6 horas, salvo negociação.
Estabilidade no Emprego	Estabilidade com indenização ao trabalhador ou fundo de garantia equivalente.	Proteção contra demissão arbitrária, com indenização compensatória e outros direitos previstos em lei.
Licença-Maternidade	Descanso remunerado antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego e salário. Sem duração definida.	Licença de 120 dias remunerada, sem prejuízo do emprego e salário.
Salário-Mínimo	Deve atender às necessidades normais do trabalhador e sua família, conforme condições regionais.	Nacionalmente unificado, cobrindo necessidades básicas, com reajustes regulares para preservar o poder aquisitivo.

Concluímos que

Embora reconhecido por sua inteligência e conhecimento técnico, Delfim Netto é frequentemente criticado pela visão concentradora de suas políticas econômicas. Muitos analistas apontam que o “milagre econômico” beneficiou principalmente elites, enquanto os custos sociais recaíram sobre a maioria da população, Talvez esse seja mesmo o papel de um economista, pensar na economia e nao na sociedade.

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Veja tambem

Quem paga a conta? Economia Direitos trabalhistas Constituição de 1988

Graduação em licenciatura plena em Pedagogia e História, e pós graduação em Educação Especial e Inclusiva. Entre em contato comigo pelo email andressa.ac17@gmail.com ou pelo @andressacarvalh0, ou por por qualquer endereço do Ibuma.